segunda-feira, 16 de maio de 2011

Não perca uma linha -Reescrito


Se eu dissesse que não sinto sua falta, sinceramente, estaria mentindo. Quantas vezes, depois que você se foi, eu desejei ter o calor de seu abraço junto de meu corpo. Do seu olhar penetrando meus olhos, do sorriso clareando meus pensamentos. Inúmeras, que até já perdi a conta. E demorou um longo tempo para perceber que você se fora, para sempre. Talvez "sempre" seja uma palavra muito forte, eterna demais. Mas, incrivelmente, era como se pudesse sentir que nunca serias meu novamente. Se é que algum dia já foi.
E tudo o que fizemos não passam de lembranças, memórias de um tempo magoado e feliz. Quem me dera poder voltar no tempo e realizar tudo, cada segundo, de novo. Por isso sempre fui a maltratada, a repudiada da relação. Mas não. Era o fim, eu via isso.
Apesar de agora desejar poder estar em seus braços novamente, naquela época eu queria seu sangue, implorava por ele. Foi quando disseste que me amava depois de ter me esquecido. Pergunto se realmente tinhas essa intenção, de me esquecer. A resposta recebida foi o silêncio, que ecoa pela sala escura e solitária. Finalmente, consegui o que queria. Tinha seu corpo frio em minha frente, e o sangue derretido em minhas mãos.
Ah, uma lâmina, algumas toalhas, e consegui. Foram dois meses gastos, mas até que valeu a pena. Sua boca estava vermelha, consequência das fitas ou da minha força colocada no nó. Mas em momento algum te deixei gritar, não hoje. Você merecia cada gota, todo litro de sangue derramado. Seus punhos estavam roxos, assim como seus pés. Provavelmente foram as cordas. Você gemeu, se debateu.
"E tivesse pena de mim, meu amor? Você teve pena quando disseste que não queria mais nada, tinha me esquecido, e depois de algum tempo voltou dizendo que me amava? Não pense que sou sua bonequinha, sempre a sua disposição. Não sou um brinquedo, então não tente brincar com meus sentimentos". Nem isso te calou. Podia escutar sua mente louca para gritar implorando pela vida.
Te coloquei em uma sala silenciosa, vazia. Apenas com uma cadeira de madeira ao longe. O frio era de tremer o queixo e estavas sem roupa, era pra sentir os seus dentes batendo cada vez mais forte. Cortei os tornozelos e punhos em sentido horizontal, e logo depois o pescoço. Você se debateu algumas vezes e depois parou, finalmente.
"Como eu sempre disse, meu bem. Não sou o inferno, mas não pense que sou um anjo".

Um comentário:

CarolChiquetti disse...

Muito bom, um dias ainda vai ser uma das melhores escritoras do Brasil, te amo eternamente !