Em uma tarde de verão

Foi terrível. Ele bateu a porta do mesmo jeito que fechava quando eu estava lá dentro. Sorte a minha que não era eu por trás daquela fechadura, coitada da outra em meu lugar.
Não conseguia ver o que ele estava fazendo, as cortinas estavam fechadas por completo. Era arrepiante só de lembrar no que ele fazia comigo e pensar que poderia estar fazendo o mesmo com ela.
Seu nome era Elen. Me lembrava minha infância só de olhar em seus olhos, mas ela não era mais uma criança, isso eu percebia quando olhava para seu corpo.
Era bem o estilo dela que ele gostava: Bonita, alta, corpo definido e inteligente. Coitadinha, era justo ela a escolhida para essa semana.
Era como um serial killer, só que menos na ativa. Toda semana havia uma, mas raramente, ele fazia suas exigências: Ficava um mês, dois, até mesmo oito, como foi o meu caso.
Um assassino sempre tem suas vítimas, não era diferente com ele. Sempre as escolhia conforme o seu padrão. Depois, fazia piadinhas infames para os outros não desconfiarem de nada, o pior é que ninguém sequer imaginou o que ele fazia. Até, que cometeu um erro fatal: Deixou uma sobrevivente.
Ela queria sua vingança e nada cessaria sua sede. Cada segundo desejava mais fazer a ele o que sempre fez para a coitadinha. A menina queria ele em suas mãos, seu corpo, seu sangue ao alcance de seu poder. E ela finalmente o teve, em uma tarde de verão, quando a cidade estava calma e o vento cintilando em seus cabelos curtos.
Conseguiu o encontrar sozinho - era o que queria desde muito tempo atrás -, o levou à sala onde sempre se encontravam, e ele, não sei como pôde pensar que queria retomar o passado e minhas tristes lembranças. Dei a ele um último beijo de despedida, e enquanto nossos lábios se encontravam tirei minha faca do bolso e tive o prazer de cortar sua garganta e saciar minha sede com seu sangue.